O Ademi-AM Connections continuou o dia com o painel “Estratégia conectada: a convergência entre marketing, comercial e produto para potencializar resultados”, mediado por Guilherme Diamante. No palco, três ângulos complementares do mercado: Felipe Melnick (Melnick), Alexandre Tagawa (Tagawa, parceiro estratégico e líder de conta da EZTEC) e Rodrigo Menderico (Plano & Plano). A conversa percorreu ciclo de vendas, desenho de portfólio, força de vendas e eventos comerciais — com tecnologia (especialmente IA) aparecendo como alavanca transversal.
Operando em mercados com dinâmicas opostas, Melnick ajusta a tática por praça. Em Porto Alegre, onde a marca tem share muito elevado, o esforço vai para encantar no plantão; em São Paulo, com share menor, o desafio é levar o cliente até o ponto de venda. Para equalizar a curva de vendas e tratar estoque de forma cirúrgica, Felipe detalhou o Melnick Day — um evento anual que reorganiza o racional de compra:
Resultado: em edição recente, o evento gerou R$ 328 milhões em um dia, com perda média de ~2 p.p. de margem — um “custo de capital” que viabiliza o giro e libera a esteira de lançamentos.
“Eu não quero vender tudo; eu quero vender o que eu quero, no preço que eu quero. O Melnick Day é ferramenta para resolver curva de venda, não para inflar volume.”, diz o Diretor Comercial da Melnick.
Tagawa chamou atenção para três ajustes estruturais:
1) Jornada estendida: o ciclo médio da venda saiu de ~6 meses para 10–12 meses. Isso exige dosar o investimento de marketing e sustentar nutrição por mais tempo.
2) Arquitetura de canais: equilíbrio entre house, imobiliárias parceiras e parcerias — em São Paulo, 30–35% das vendas já vêm de parcerias.
3) Segmentação e foco: “caixinhas” por padrão (econômico, faixa 4, médio, alto, altíssimo/ultra) e crescimento de imobiliárias boutique com domínio de território/bairro.
Sobre estoque, ele mostrou como a EZTEC trocou o discurso de “saldão” por posicionamento premium, com a campanha Galeria EZTEC + Lindenberg: base qualificada, evento com diretoria, experiência gastronômica (Kinoshita) e comunicação de finanças (“segurança do patrimônio”). Em um dia, a ação movimentou R$ 120 milhões, abrindo espaço para duas edições/ano focadas em alto/altíssimo padrão.

Rodrigo Menderico, Diretor Geral de Vendas da Plano e Plano, no Ademi-AM Connections. Créditos: Luís Veloso/Morada.ai.
Menderico descreveu a escalada da companhia como consequência de Pessoas, Processos, Pertencimento e Performance (“os 4 Ps” dele):
Embora cada casa esteja em estágios diferentes, o fio comum é claro:
“O mercado mudou: o primeiro cliente é o corretor. Se ele tiver história, dados e ferramenta, escala.” — Rodrigo Menderico
Mais que uma campanha, o Melnick Day virou um processo: curadoria de estoque, orquestração de canais, experiência para o cliente e rituais de engajamento para corretores. Ao inverter a pressão de negociação (tempo e fila reais, conversa direta com a diretoria), a empresa precifica com precisão e antecipa caixa sem deturpar portfólio. É por isso que o case aparece de novo e de novo nas conversas: ele combina método, dado e teatro comercial — e funciona.
O painel mostrou que “estratégia conectada” significa alinhar produto, marketing e vendas ao tempo real do cliente — e fazer isso sustentado por dados, ritos e IA. Quando o ciclo alonga, vence quem nutre melhor, prioriza certo e ativa experiências que destravam decisão. E quando o estoque pesa, a saída não é gritar preço, mas desenhar eventos e narrativas que gerem valor e urgência.
Autor: