O painel 6 do INC Minas trouxe uma discussão profunda sobre um dos temas mais sensíveis — e decisivos — para o mercado imobiliário brasileiro: o funding como motor estratégico de expansão, especialmente em um cenário de juros elevados, mudanças estruturais no crédito imobiliário e um horizonte econômico ainda desafiador.
Participaram do debate:
Renato Lomonaco, diretor de Assuntos Econômicos da ABRAINC (mediador)
André Avelar, diretor financeiro e de RI da Emccamp
André Valério, gerente de pesquisa econômica do Inter
Felipe Eiche Gonçalves, CFO da Patrimar
José Barreto, CEO da Pisolato
Roni Peterson da Costa, superintendente nacional da Caixa Econômica Federal
A seguir, reunimos os principais insights — estruturados, aprofundados e conectados à realidade das incorporadoras — e como a tecnologia, especialmente a inteligência artificial, se torna essencial nesse novo ciclo estratégico.
Abrindo o painel, André Valério, do Inter, apresentou um panorama econômico bastante realista sobre o impacto dos juros no setor imobiliário. Sua análise trouxe uma leitura ampla sobre o comportamento da Selic e seus efeitos diretos no acesso ao crédito.
Segundo ele, “conversar sobre funding é necessariamente falar sobre juros”, destacando que o Brasil vive um momento de início de flexibilização monetária, porém em um processo mais longo e cauteloso do que o setor gostaria. Valério reforça:
“A Selic a 15% não é necessária para garantir a inflação na meta… mas o Banco Central ficou amarrado num discurso excessivamente restritivo.”
Ainda que haja expectativa de início dos cortes, a estimativa é de um longo período de aperto. Ele afirma:
“Mesmo com o início da queda, vamos terminar 2026 com juros em torno de 12%, ainda muito acima da taxa neutra da economia.”
Essa projeção evidencia um ponto crítico para as incorporadoras: a expectativa de estabilização do custo do capital permanece distante — e isso afeta diretamente viabilidade, velocidade de lançamentos e margem de lucro.
Um dos alertas mais significativos veio de Valério ao pontuar que “recurso de poupança está entrando em extinção”. O investidor brasileiro migrou para produtos financeiros com maior retorno, deixando o SBPE pressionado.
Por outro lado, a mudança estrutural recentemente anunciada — o novo modelo que reduz a dependência da poupança e aumenta a competição entre bancos — traz potencial de melhora no médio prazo. Valério foi direto:
“Com a transição completa, o mercado vai ficar mais competitivo. Isso amplia o acesso a recursos e aumenta a liquidez para o crédito imobiliário.”
Roni Peterson, da Caixa, reforçou o papel da instituição como agente central do financiamento imobiliário — especialmente para famílias de baixa renda e para o Plano Empresário. Entre as boas notícias, ele destacou:
“Depois de tanto tempo, tivemos mais captação do que saída na poupança. Só de não ter perdido já é um grande avanço.”
E trouxe números importantes:
Além disso, Roni destacou o impacto direto da redução da inadimplência:
“Com a inadimplência caindo, a capacidade de pagamento melhora — e isso reflete diretamente no limite de financiamento.”
O superintendente ainda encerrou sua fala com um aviso importante às incorporadoras:
“Temos um oceano azul… mas de quem está muito a fim de estar junto com a Caixa.”
O CEO José Barreto trouxe à mesa a realidade mais dura: a operação com margem comprimida. Ele não poupou transparência ao expor a dificuldade do setor:
“A primeira conta que a gente faz é: quanto eu vou pagar nisso? […] Hoje, pegar mercado de capitais a 18%, 20%, 22%… não fecha a conta.”
Barreto também trouxe um ponto muitas vezes negligenciado no debate sobre funding: a burocracia como destruidora de margem. Ele destacou que, em um ciclo que pode levar 5 a 7 anos, metade desse tempo pode ser consumido por processos cartoriais, licenciamento e aprovações. Sua provocação é direta:
“Estamos jogando 36 meses de dinheiro na burocracia. Isso também é funding.”
O CFO Felipe Eiche Gonçalves reforçou o impacto cruel da taxa de juros sobre o segmento de média renda:
“Com juros a 15%, qualquer conta fica prejudicada.”
Ele explica que o mercado se divide entre:
E é nesta última que a pressão aumenta:
“Juros é o preço do dinheiro no tempo. E nosso setor depende de tempo — muito tempo. O ciclo de 6 a 7 anos torna tudo mais caro.”
Mesmo assim, ele vê espaço para otimismo:
“O setor está como uma mola comprimida. A hora que os juros caírem, tem muita coisa por vir.”
André Avelar, da Emccamp, trouxe um ponto essencial que amplia a discussão de funding: cidade, adensamento e legislação. Falando do caso de Belo Horizonte, ele afirmou:
“Antes do incentivo, eu preciso ter um plano diretor adequado. Em BH, o maior desafio é ter área para construir.”
E destacou que o município está avançando:
“Estão fazendo um trabalho brilhante para revitalizar o Hipercentro e atualizar a legislação habitacional.”
Essa conexão entre urbanismo e funding é crítica: sem estoque adequado de áreas, subsidio e crédito não são suficientes para viabilizar projetos.
O debate trouxe repetidas queixas sobre:
E é justamente aqui que soluções como as da Morada.ai ganham protagonismo estratégico.
Com a MIA, é possível:
Quando juros são altos, velocidade não é um diferencial — é sobrevivência.
O Sales, copiloto de vendas, minimiza:
Com CRM sempre atualizado e corretores mais produtivos, a incorporadora reduz desperdício de horas — exatamente o tipo de “custo invisível” que Barreto criticou.
O Iago, aplicado ao pós-venda, desafoga equipes e reduz custos operacionais:
Quanto menos tempo o cliente espera, menor o risco de judicialização, retrabalho e desgaste de marca.
É assim que tecnologia deixa de ser um suporte e passa a ser, de fato, estratégia de funding — porque reduz custo, aumenta velocidade e melhora previsibilidade, exatamente como a Caixa reforçou no painel.
Na reta final, Felipe Eiche resumiu o sentimento do setor:
“Precisamos começar o ano animados, mas com os dois pés no chão. O momento é bom e temos bons anos pela frente.”
E André Valério concluiu com uma visão equilibrada:
“Não vemos sinais de deterioração acelerada. O Brasil mudou de tendência de crescimento pós-pandemia.”
O recado é claro: existe espaço real para crescimento, mas apenas para quem entende funding como estratégia, não como consequência. E nesse movimento, eficiência operacional, tecnologia de ponta e velocidade de execução serão diferenciais competitivos tão relevantes quanto acesso a crédito.
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